Livro

Entrelaços


LÓLA PRATA

Capa: Sérgio Prata

Trovador 
era o nome dado, na Idade Média, ao compositor musical que fazia versos e os cantava ao som da viola, do alaúde, da flauta e do pandeiro. 
Escrevia a letra e a música e, quando não se sentia em condições de cantá-las, incumbia de fazê-lo, um cantor profissional, o jogral ou menestrel, remunerado, de nível social inferior e que não gozava de boa reputação. 
Hoje, o termo Trovador restringe-se aos poetas que fazem Trova, isto é, quadras setissilábicas rimadas ABAB e com sentido completo. 
* Na França, a partir do século XII, aquele que compunha versos e músicas era chamado de troubadour ou trouvère. Como trouvère se deriva do verbo trouver (= achar), o poeta inventava rimas ou versos, levando-se ainda em conta, o "achado" propriamente dito, o jogo de palavras, as frases de vaivém, enfim, aquele toque mágico e talentoso que valoriza qualquer produção poética.
Na opinião de Carolina Michaelis, culta escritora portuguesa, "trovador" seria o antigo acusativo de trobaire, que quer dizer troba, = inventa, =acha "os conceitos finos e delicados que caracterizam a expressão poética". Teríamos assim: trobaire = achar; trobador = o que acha ou troba e, finalmente, trova.

*Extraído do livro "Príncipe da Trova", de Carolina Ramos, magnífica trovadora.
Entrelaços
Entre laços de ternura
que a leitura nos comprova,
dão recados de cultura
os quatro versos da trova.

Querida
São José dos Campos! Linda!
Há tempos te conheci,
pequena e imatura ainda.
Hoje..., me orgulho de ti!

Gratidão
Bragança, cidade amiga,
lugar que Deus abençoa,
que minha trova bendiga
tua gente bonita e boa!
Mea culpa
A mendiga sai à rua
esmolando por migalha;
é uma flor seca e nua
que a feia miséria orvalha.
Mesa posta em lar completo,
assim vejo a natureza,
feita por sábio arquiteto
que nos confere riqueza!
Lei de ouro
Da humanidade, uma lei
se agiganta entre as demais:
“ao próximo não farei
o que provoca meus ais”.
Ora mansa, ora revolta,
em equilíbrio ou maluca,
natureza é livre e solta;
ou nos agrada... ou machuca!
Uma vela de luz fraca
num bote solto no mar
em noite escura e opaca,
parece um sol a brilhar.
Doação
É uma dádiva pequena,
um sorriso mais um pão;
simples oferta terrena
que retorna em profusão.
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